terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sir libre



I. O grilo gigante

Desfaço-me do grilhão e
do grilão, agora já distante,
aquele grilo gigante.

Daquele trem em maus trilhos,
mal cheio de zoom bees bees
como eu era.

Aquilo que me causou tanta dor de cabeça.

Aquele calor dessuportável,
que suportava com sacrifício
e sem vontade.

Sou livre e sou livro.

II. Outros voos

Quero mil livros
e um milhão de livres espíritos.
Ajeite-os em sua sacolinha biodegradável
para que sejam libertados
na relva do campo
e saiam voando em agradáveis voos.

III. Copidesque

Agora tempo tenho pra pensar,
a despeito das ligações químicas que pululam
das páginas do original do livro que copidesco.
Dá-me um desconto, quero versos
que sejam da minha escola.

IV. She's leaving home

Agora escolho,
não é luxo.
E quero dar escolha.

Você que eu beijo,
fique livre para ir e vir.
Fique livre para ir sem dizer a deus.

Vá livre ou fique livremente.

V. Os sabores

Com ou sem paz,
poeto doce,
amargo,
azedo ou salgado,
mas sou livre do grilhão
e poeto.

Alessandro de Paula
@palavratomica

4 comentários:

Leonardo Valesi Valente disse...

Lê!

Pensar na liberdade a partir da dimensão com o outro é ao mesmo tempo vivê-la e sonhar.

Gostei desta travessia que seu texto nos provoca.

Abraços, Leo.

Alessandro disse...

Leo, esses pequenos poemas que se reunem em um nasceram de uma viagem muito longa, por assim dizer, a princípio.

É como um divagar, em que um tema vai levando a outro, mas neste divagar há um elemento comum, que é a sensação de liberdade - ou a busca por ela, até que se atinja a conquista.

E viva a travessia!

Abraço, camarada! :)

Mara Medeiros disse...

Amei!!!

Lai Paiva disse...

Lelezinho, vc por si já é a própria poesia. Lindo!

Beijos mil,

Lai Paiva