"Cape Town City Cowl Lightning #1", de Juan-Pierre Coleman. Tempestade de raios na Cidade do Cabo, África do Sul. Foto originalmente postada aqui. |
Sou o homem.
Trago comigo a indústria.
Sou o homem.
Trago comigo o lucro.
Sou o homem.
Trago comigo o progresso.
Assim como não percebi o suor de quem para mim trabalhava,
nem suas expressões exauridas e
tampouco a dor, tampouco a dor...
também não percebi o mato surgindo por entre as placas de concreto.
Ignoro todos os avisos:
os trovões,
a caótica condição climática,
as calotas polares que derretem.
Há lobos que se fazem cordeiros
para fazer lucro,
palestrando sobre um iminente
desastre.
E eu?
Faço o desapercebido...
Trago comigo o lucro! Todo o resto é bullshit!
E bullshit eu ignoro.
Sou positivo. Sou homem de ação.
Sou o homem.
Trago comigo a indústria e o lucro.
Trago comigo o fracasso...
Sou o homem
e penso ser deus de alguma coisa.
Sou o homem...
... e nada posso fazer contra a revolução da natureza.
Alessandro de Paula
@palavratomica
6 comentários:
Me orgulho de compartilhar este espaço do Coletivo. Aprendo a ser Revolucionária em cada texto dos poetamigos.
Especialmente com você, Poeta de olhar atento, que vai tecendo nas entrelinhas do que escreve a malha das importâncias reais. Porque, "Todo o resto é bullshit!"
Beijo na alma, Ale!
Mara, obrigado! "Introdução..." eu escrevi em mesa de bar, rodeado de amigos, num encontro de última hora, um pouco antes do nosso sarau.
A referência, que é minha visão de mundo, já estava na ponta da caneta.
O mundo poderia ser melhor. Todo o resto, a ganância, é bullshit. Pra outros, a Poesia é bullshit. Ou tentar fazer do mundo um lugar melhor pra todos e não somente para "os poucos eleitos" é bullshit. Pena...
Mas sigamos em frente, escrevendo mais capítulos de nossa revolução.
Beijo pra ti!
Lê!
O homem se inaugurando assim distancia da natureza.
Porém o que ele cria é um outro sem nome, um deslugar para a própria vida.
De posse do vazio, reativo do que expropia, o que levará tanto (des)humano querer de novo?
Não sabemos as respostas, ainda estou apontado pelo que seu poema devastou dentro de mim, re.conhecendo-me nesse homem despossuído.
Abraços, companheiro!
Leo.
Engano seu, Leo. Você está tão inserido na natureza... tanto que trabalha com a mais complexa delas: a mente humana.
Não se afaste, não se torne este despossuído, apenas.
Abraço, camarada! :)
Navegando com tempo por esse Blog, parece-me que uma outra dimensão se abre no tempo e no sonho: a da #possibilidade...Esperança reacende!
Bem, fico imensamente feliz por encontrar poetas tão bons e antenados com o seu tempo.
Com certeza sempre passarei por aqui, prestigiá-los, e com certeza encontrarei essa chama sempre acesa.
Parabéns e obrigada!
PS.: Alessandro, deixo um poema meu para fomentar as discussões que vc estimula no seu texto - talvez, um outro lado, talvez o mesmo:
.só.sou.sol.
Só trabalho a dor.
Sou trabalhador.
Sol, trabalho e ardor.
Um abraço meu
Ani, esteja sempre por perto. Sempre haverá por aqui surpresas poéticas positivas.
Gostei do reverso do poema. Se este trabalhador tivesse tempo para imaginar a revolução que se forma na natureza, fugiria ao trabalho no mesmo instante. Eh eh eh!
Postar um comentário