domingo, 1 de janeiro de 2012

Subterrânea



Na pele carrego palavras que nunca disse
Há afeto que afeta
e nada posso fazer
Senão carregar na pele certas sensações
Talvez algum dia
Submeter-me a uma cirurgia de emergência
O lápis, feito bisturi, rasgará o papel
E me fará esvair em letras...
Até a última palavra
Morrerei vazia
Sem nunca ter dito
O que trago na pele

Desde a alma levei-me nas palavras ausentes
Houve esperas para tocar
E cumprir desejo
Assim traduzi à pele o desejo de ser
Arriscado por começar essa vida
Transparecendo leveza que sempre quis
As pétalas, quase em falta, puderam refazer
Outra forma que não pude ainda.
Todas as palavras
Reviverei preenchida voz
Ao dizer meu desejo
O que a alma levará para a pele



                                                                                                       Mara Cristina Medeiros
                                                                                                       Leonardo Valesi Valente


Um comentário:

Filipe Dias disse...

Belo poema, gostei.
da vontade de conhecer a peque que inspirou as palavras e lê-las