quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

As Horas




Nas horas minhas
Nelas sozinha
Sem a tua presença
Meu sentir se engrandece
Bem aqui, bem ao lado
Dessa minha saudade
Um desejo eloquente
De encontrar teu abraço
Por além da tua escrita
Bem aqui nos meus braços
Pra sentir tua alma
Aninhada à minha
Como sendo só uma...


Lai Paiva

(Van Gogh)

Alma das Ondas




Alma agitada
Quer voltar para casa,
Mas já não se lembra
Onde se perdeu.

Feito onda
Que se choca nas pedras
Debate-se em ânsias...
Onde se perdeu?

Minha casa
Está além das fronteiras,
Está no mar, 
Está no céu,
Está no além.

E onde me perdi?
Já nem sei mais.
Hoje só sei das nuvens
E das conchas
E das marés...

                                                                                     Mara Medeiros

Abraço e açoite




Você sabe de mim
Mais do que te dou?
Provavelmente sim,
Possivelmente dor.
Vida inteira assim,
Ora chuva, ora amor,
História sem fim...
Diga, por favor,
Você já me conhece
O suficiente?
Do que você se esquece?
O que é indiferente?
Dia-a-dia noite,
Sombra mais que luz,
Isto é que conduz
Teus passos cansados,
Meus olhos molhados,
Abraço e açoite.
Nada dou de mim,
Nada é bem assim,
Tudo é meio vago.
Não se iluda, então,
Nesta confusão
Por onde me vago.

                                                                                     Mara Medeiros

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Ser, Saudade

Promete?
Promete que vai me esperar?
Promete que estará comigo?
Promete que me buscará?
Promete que nunca esquecerá de mim?
Promete que vai estar comigo sempre, não importando nada?
Promete que essa angústia irá passar?
Promete?
Promete que me abraçará não importando o momento?
Promete? Esteja, fique aqui.
Promete que me acordará hoje e ontem?
Promete que me levará nos sonhos?
Promete que me dará as estrelas?
Promete?
Mesmo depois dessas promessas,
Me prometa que eu nunca mais irei sentir saudades?

Andres S.A @AndresAraujo

O Dono da Rua

A rua está no lugar
Nela um carro está
Estacionado fica a parar
Pessoas passam a passar
Ora, e olhem vejam quem vem
Andando anda até sorrindo
Puxando seu caminhãozinho
Jucaju pára em frente ao açougue
Expostas as carnes cortadas
Pessoas as compram despedaçadas
Ju olha o açougue
Ju olha o carro
Ju prefere a máquina
Sem ninguém dentro
Está ela lá inteira
Está ele entrando aos poucos
Uma perna, um braço
Outro braço, outra perna
E como cabeça só tem ele uma
Entra esta em acordo com o tronco
E entram os doi juntos
Ju sentado na cadeira é passageiro
Logo olha por dentro o autoimóvel
E passa ao banco do motorneiro
Aquele que domina o motor
Ao banco do cavaleiro
Aquele que tem as rédeas da animália de metal
O motor de Ju é barulhento
Vru vru vru   vru   vru vru   vru vru vru vruvão
Bru bru bruuuuu   Bruuuuummm
Ju ri, depois sério, que o caminho merece atenção
Ih, esqueceu ele de destravar o carro
Assim não se chega muito ao fim dele, caminho
Freio ao chão manualmente mandado
Agora ele vai aonde manda o nariz
Juca Ju feliz
Sai o carro pela rua    Estrada
Descendo a rua a rodar
Olha o carro!
Olha o Juca !
Olha o Ju !
Ele faz sucesso
Gente sai da padaria
Gente sai do bar
Gente das lojas, do açougue
Todos saem pela rua a falar;     
O carro! O carro! 
O Juca ! O juca !
Todos correm atrás
O Juca nunca fez tanto sucesso
Valante pra cá
Volante pra lá
Volante pra cá...oi !
Volante pra lá... mais um tiauzinho
Volante pra laaaa
Volante pra caaaa
Saí cachorro
Sai cachorro !
Feliz Caju
Ingratos são os caminhos do homem, porém
Depois de apenas dois grandes quarteirões
Um outro carro, talvez invejoso, veículo de vilão
Não sai da frente                 
Bate o carro Caju nele
Quer bater a multidão nele Caju       
Caju sai
Caju motor
Vru vru
Vru vru vru     vru vru vru        vru vru vru
A multidão chega chegando
Vru vru vru vru vru vru vru
Chegando
Chegando
Vru vru vru      vru vru                                                                                                                  
Vruuuuummmmm
Juca sai
Juca vai
Juca na frente volta
Juca ré
Ooooommmmm
Jucasqueceu seu caminhãozinho
Dentro do carrão
Ele pega o companheiro brinquedo
Brum brum   brum brum     bruuuuummmmm
Que o povo perto
E Jucaju motor de palavra
Sai saindo faísca do chão
Cantando pneu e sonho
Primeiro de carro
Depois de motocicleta
Para sair correr mais rápido
Que ele é doido
Mas não é besta





                                                                                                  Toninho Araujo

Kombinado

Vamo embora, vão bora, vamo
Num é trem, não é navio, não é avião
Entra todo mundo e ainda cabe gente
Entra coisaiada e confusão
É a kombi do Marão
Sai cheia de gente e ainda cabe um montão
Cheia de mala e embrulho e ainda pára no mercado, mais um tantão
É feixe, é dúzia, é kilo, é caixa, é saco do chão
-- Joga tudo dentro!
Na kombi do Marão
Lembranças pra onde parar, agradar, não esquecer ninguém
Só um filho menino, em Livramento, que abriu o buézão
Vão pro rio do Jaîba,  do de Janeiro, do Uruguai
E, no caminho, caronação, não precisa nem levantar o dedo
-- Já tá dentro!
Da kombi do Marão
Gente de mercado, praça, Morrinhos, Malhada, pensão
Gente de chinela, precata, descalça, pé no chão
Gente apostólica, mineirada, gringaiada, de revolução
Fugindo, indo pro serviço, casamento, farreação
Tá na estrada, tá na kombi do Marão
Parente, amigo, vizinho, andarilho, ladrão
E se ele for Jesus, Jacy?
Não toma jeito o Marão
E fala, fala, fala, com todo vivente que pelo caminho pega
Pergunta da vida, passa receita, dá remédio e injeção
E não pode sobrar na seringa, alguém tem que aproveitar
Nada se perde, tudo se aproveita, no consultório da Kombi do Marão
Até o colo de quem vai sentado no colo de algém
E quem não tem ninguém ajeita uns embrulhos também
E não cabe mais nada    Até descer um     E subir dois, porém
E todo mundo fala, fala, fala
Xinga, bate e beija
E todo mundo tem razão
Dentro e fora pendurado
Den'da kombi do Marão
E vai estrada, passa ponte, passa  barro, passa bicho, pasta areia, passa praia, passsa chão
--Sai pra fora pra empurrar [pede o morro]
E desce gente, quantos? Sei lá, parece procissão
Desceu o mundo, de lá do fundo da kombi do Marão
E todo mundo empurra, e todo mundo fórça, e todo mundo força
Até gás, tem gente que solta, jogando dona vovó no chão
Agora deu certo, no more enpurration, no empurración, não mais empurração
Agora o autoveículo vai por si
Desceu a estrada sozinho
Todo mundo atrás dela
Está vazia agora
A kombi do Marão






                                                     A partir de texto do Ucho Ribeiro,
                                                          Viagem Com Marão
                                                      Publicado em Montes Claros.com



    Toninho Araújo

Poema de Elaine

Uma breve homenagem à amiga Elaine Paiva, que, em tão pouco tempo, tornou-se figura tão querida deste publicador.



Ela é meu porre
de poesia e vinho nas noites.
Porrada em versos.
Suave,
a carne crua,
o sentimento nu,
a alta-costura, 
a máfia russa feita estrofe,
a moda, a foda. 


O golpe pesado da luva 
em mão leve. Ela é desafio,
poética esfinge que
insiste e diz:
"Dispa-me os versos ou 
vou-me embora."


Ora veja, solitária à mesa,
mas só quando quer.
Saca o aparelho da sacola
e manda um torpedo.
Bomba de chocolate na cara. 
Tão doce, tão flor. 
Tão capuccino com canela.


Embriaguez
e oras-vejas às posturas babacas
excludentes de
ternura 
e profundidade.
Ela é contravenção,
traficando calor

alegria.


Quando o mundo quer ser mais cinza.
Ora-veja...


Ela repudia o que não tem cor.
Ela é amor. 
Com ela aprendo
a devolver amor
sem perceber.


Alessandro de Paula
@palavratomica

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Quarto


É que quando eu me deito, eu penso em você três vezes.
Te conto histórias baixinho, achando que você está ouvindo.
Faço silêncio pra não te acordar, achando que você está dormindo.
Te cubro bem, achando que você está com frio.
Acaricio suas costas pra te confortar e te deixar solta.
Mas no final das contas, isso é só coisa dos meus pensamentos que vagam no meu quarto.



Andres S.A
@AndresAraujo

Saudades de Natal

Sabe, parece que toda esta multidão a meu redor de nada adianta.
Há um silêncio interior. Meu coração está mudo.
Ansioso pela tua presença, tímida e pueril.
Inquieto pelo teu sorriso.
Desejoso de teus lábios...
É meia noite e, há muitos sorrisos infantis ao redor de presentes.
Várias taças se tocam no ar, envoltas por sorrisos delicados.
Mas nada disso me retira do zeloso cuidado para com meus pensamentos.
Falta algo, talvez seja o meu tudo.
Falta você...


Plínio Alexandre dos Santos Caetano
@pliniocaetano23

sábado, 24 de dezembro de 2011

Reservada



A minha porção melhor
Reservo tão logo à ti
Daquilo que te enamora
Àquilo que me aproxima
Dessa que tu mereces
Pra ter em companhia
Nas horas que contarmos nossas
Disso que nos tem mostrado
Que tudo assim de repente
Acontece dentro de nós
Pra estarmos guardados juntos
Dentro de cada um...


Lai Paiva
(Amanda Cass)

Saudade Tua


Saudade é tão minha
Essa assim de você
E nutre um sentir
Que inspira o meu riso
Que compõe os meus versos
Que embeleza a minh'alma 
Pra alguns outros olhos
Enquanto os seus não retornam
E  se voltam pro instante
Que agora é só nosso
E não mais do acaso...


Lai Paiva
@lainepaiva

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Nada Demais

















Cantei, isso mesmo, cantei.
Cantei poemas.
Pois neles haviam rimas, prosa e refrão.
Tinham estrofes e meio tom.
Não falava de amor e coração.
Haviam rimas em forma de balão.
Quando criança não pensava nisso não.
Hoje em dia o que eu tenho são lábios e meio limão.

Andres S. A @AndresAraujo

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Poeta (para Leonardo Valesi Valente)




Além dos sentidos
Sinto a tua essência
E assim te conheço,
Vertendo de mim...

Na tua poesia
Escreves minh’alma,
Falas do teu mundo
Vertido de mim...

Meus sonhos contidos
Com tal pertinência
Descreves, que esqueço
Que vertem de mim...

Tua fantasia
Meu real acalma,
Tão certo e tão fundo
Tu vertes de mim...

                                                                                      Mara Medeiros

No Céu Meu




mais cedo pisei
num chão de nuvens
e sobrevoei
no céu o embalo primeiro
dos meus sonhos

quis morar
na linha altaneira
depois do chão celeste

deixei-me
pedaço de nuvem
entremeio do branco
e a fome que tive do mundo

o céu ao lado
no orifício do olho
rastreou-me o sonho voa.dor

voltei ao chão
e as nuvens embalaram
uma nova busca
de visionário no meu meio


Minha Sofia



O amor eu beijo.
O olhar não nego.
O sorriso me vicio.
O abraço não solto.
O carinho não resisto.
A ternura é meu afeto
E de ti eu só espero.

Andres S.A @AndresAraujo

O Corredor do Sonho



Dizer eu te amo foi o único jeito que encontrei para poder ouvir essas palavras
Minhas projeções do futuro são mínimas.
Além de tudo, é aqui parado no escuro que encurto o meu tempo.
O tempo do meu vazio, o tempo do seu vazio.
Às vezes eu esqueço que a esperança existe. Pois deixei tudo no corredor do sonho.




Andres S.A @AndresAraujo

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Feliz Primeiro Aniversário ao Coletivo!

Pros queridos Andres, Alezinho, Leozinho, Lu, Mara, Mário, Plínio e Toninho,
beijos meus, abraços ternos, meu carinho.
Muito obrigada por me inspirarem e compartilharem comigo seus versos ricos. Mais que isso, muito obrigada por me fazerem alguém melhor.
Vida longa ao Coletivo!!!


À todos, meus parabéns
Pra cada um, os versos meus
Em todos eles, muitos abraços
Meu contentar nas companhias
Minha alegria nas linhas suas
Prazer intenso em conhecê-los
Um admirar que me faz deles
Brindemos juntos à poesia
Que nos uniu há um mês atrás
E ligará nosso sentir
Entrelaçando nossas escritas
Aqui, agora e para sempre.



Lai Paiva
@lainepaiva

Revolucionário (Mãos Cortadas)




desacertando
inventando movimento
nos meus pés lá no céu
decaindo-me numa chuva de melancolia
abrindo meu olho num abraço com o cosmos


arrancando
as braçadeiras que me corrompi de temer
erradicando sombras que me apedrejaram
enveredando-me todas as fronteiras do que me gritava sem crivo
arrebatarei as mordaças que amarraram meu vôo
com o sopro que dou no tiro do silêncio


temporizar
as camadas que inebriam minha pele
com o suor dos sonhos que me gotejei sobrevivente
no meio dos avisos que dei à minha ausência
corrompi-me sem ter freios
aos delírios do meu verso liberta.dor


acariciar
os apegos que me tive de véspera
consumi-los com a morte que me quis percorrido
refeitura de sonhos para adiar a obra que virei meu revolucionário
e encerrar-me ao aflito do medo que não me criei
aprendi voltar sem olhar para o alvo que agora não toco