sábado, 3 de dezembro de 2011

Alguém


desintegrada
a sua face
meu amor
na confusão.

desesperada
desaparece
murcha flor
na multidão.

não, você não é nada
e eu não existo também.
sem registro, a existência
é uma piada, meu bem.

imagens vêm com violência,
você não vê? o que eu
disse é nada.
não sou nada
nem você é.

ninguém mais é
alguém.


Alessandro de Paula
@palavratomica

9 comentários:

Anônimo disse...

Tem gente abrindo mão de ser. Quando poeta encontra alguém assim eis que sobra um poema na contramão.
Te li assim, isso valeu o desencontro.
Abraços querido...

Alessandro disse...

Ser, nas grandes metrópoles, Leo, é o exercício do não ser.

Ou, ao menos, não captamos a subjetividade de um indivíduo entre tantos.

Lembro-me de uma vez, no Metrô, ter visto de relance, pela janela, uma garota linda. Ela esperando o trem na plataforma. Eu dentro do trem, sentado. O trem ainda diminuindo o movimento ao entrar na estação. De forma que foi só um relance.

Então pensei que poderia gostar dela, caso tornasse-se um alguém para mim. Mas foi uma imagem muito rápida. Ainda que alguém no poema, em termos práticos, ela era ninguém.

Anônimo disse...

Entenderia esse desamparo na pós-modernidade, esse obstáculo ao despertencimento de subjetivdades, de corporeidade coletiva. Mas seu poema foi tão bom quando li, acreditei diferente. Insisto.
Risos, releve amigo, é coisa de poeta sonhador que me arrisco ser.

Alessandro disse...

Ah ah ah! Tranquilo, poeta! Seja sonhador. Sejamos sonhadores.

Nos desencontros possíveis de nossas criações, nos encontramos. E rimos.

Abraço, Leo! :)

Coletivo Revolucionário disse...

Bom voce existir neste coletivo.

Coletivo Revolucionário disse...

Bom voce existir nste coletivo, II.

[Saiu sem nome]Toninho

Mara Medeiros disse...

O poema e a imagem me fizeram lembrar a vida em Sampa, onde andar pelas ruas da cidade era-me sempre estranhamento de rostos e de sentimentos. Bem o que você escreveu: "não sou nada nem você é." Muitas vezes existi pra ninguém...
Obrigada pelos teus escritos tão profundos.

Alessandro disse...

Ora, ora... obrigado, gente boa de versos! Beijabraços! :)

Anônimo disse...

Alezinho meu bem, belo poema, sonante e pulsante. Mas sim, vc é alguém. Alguém que se destaca nesse no meio de muitos. Coisa rara! Beijo meus, querido!!!

Lai Paiva