Abriu a bolsa cinza grande, expressiva. Abriu o zíper com a leveza de quem abre o zíper do próprio vestido, quando quer despir-se com intenção. Com uma das mãos buscou aquele aparelho celular e com os dedos alongados, de unhas bem feitas em cor azul, se pôs a tocá-lo, como quem toca a si, em momentos de intimidade. Tocou letra a letra. Delicadamente. Como num ritmo eloqüente. Palavras iam se formando à medida que mais caracteres iam sendo sutilmente inseridos naquele visor. Por fim, um último toque. E aquelas palavras formuladas tão secretamente estariam no visor de outro aparelho. E alguém haveria de tocá-lo ou tocar-se em resposta...
Lai Paiva
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