Para onde então as horas correm, assim tão fugazes, assim tão assazes?
Por onde o vento as carrega, assim tão apressado, como quem se importa?
Pelos campos do aqui-agora, do jamais, do sempre, do a-qualquer-hora,
Pelos domínios do mundo do faz-de-conta-que-domino-o-tempo-e-as-fases.
Hoje meus olhos embaçados pousaram no céu de nuvens preguiçosas
E o dia claro e entediado estendeu seus raios para além dos fatos.
Mas, tudo que pude fazer foi inspirar silêncio e expirar cansaços
Pensando no vento, no tempo, no céu, no sono, na pétala da rosa.
Assim, sem senso, sem vontade, sem clareza, sem sonho, sem serventia
Procuro desvendar segredos das horas que galopam na ventania.
À oeste o Zéfiro prossegue, brisa mais sem graça zomba e me acena.
De repente uma despretensiosa ignorância surge, em pleno dia,
Atrapalha a vontade de achar resposta para mera fantasia
Sugerindo que o olhar mais fácil, menos complicado está fora da cena.
Mara Medeiros
4 comentários:
A poetisa quando se escreve também inscreve um tempo maior dentro de nós. Quem lemos abrimos mão do que éramos para nos carregar maior depois daqui. Nenhum marasmo é capaz de nos cessar. Se escrito por Mara fica ainda mais sentido, volitivo, claro, sonhado, útil. Meu abraço agigantado em suas palavras, querida!
Mara, querida, que riqueza de texto. Que bela relação com as palavras você tem. Inspirador. Beijo.
Lai Paiva
Obrigada, queridos!
Pelos olhos embaçados
le-se lento
o tempo em poesia
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