domingo, 4 de dezembro de 2011

Oasis




De promessas inventadas me transbordo
E transcendo a minha realidade.
Nisto tudo eu acredito e me comporto,
Com fé rasa, boa-fé, credulidade:
Nas carícias das palavras arranjadas
(Juras prometidas que me digo)
Que atam meus pés e me prendem as asas,
E que sonho e que creio e que sigo.

Nisto tudo eu acredito cegamente:
Nas frases soltas ao vento murmuradas,
Que cumplicio silenciosamente
No país das maravilhas sussurradas.
Nas palavras vãs que doceamargamente
Vertem puras de vertentes inventadas,
Roçam meus ouvidos maliciosamente,
Seduzem-me em poesia empoeirada...

É lá que existo mais intensamente
– porque a aridez da realidade
Tão sem graça, às vezes, tão indiferente,
Tão cheia de regra e de verdade,
Não consegue competir em tal medida
Com o que desejo ouvir e não me falam,
Senão no reino dessas maravidas,
Maravilhas sussurantes que resvalam.

Neste reino esquisitante me protejo.
Minhas asas desatadas – revoada –,
Planam alto, qual promessa de sobejo,
E pairam onde Oasis fez morada;
Onde meus pés se prenderam por desejo
Onde meu sonho se perdeu, e não acordo,
Cheio de um amor sincero que despejo
Nas promessas inventadas que transbordo.

Mara Medeiros

2 comentários:

Coletivo Revolucionário disse...

Lê-se liso sem descanso
Mesmo sendo um oásis para os olhos


Toninho Araujo

Anônimo disse...

Mara, essa sua junção tão perfeita de versos consiste num oasis, de fato. Beijos!

Lai Paiva