Farto de meias palavras,
inter
esses ao meio
que se revelam os mais escusos.
Quem pode entender os caprichos do mercado?
Quem será o capacho a carregar este fardo
de ter caído em pecado
perante tal deus?
Louvemos aos bispos, cardeais e papas da economia,
ergamos taças aos meliantes, malandros, pilantras.
Eles entendem o mercado...
Sim, entendem bem!
Estes seus novos velhos ídolos de pés de barro...
Quem vê suas veias progressivamente entupindo?
Quem pode resistir a este estúpido infarto?
Onde dói mais, meu bem,
para que eu cause mais dor?
Pobres ovelhas reunidas, indignas do cumprimento principesco.
Seu suor nas têmporas enoja.
O sacrifício vão não emociona,
antes causa repulsa.
Pagam o preço do consumoarmadilha no tempo
do fracasso das ideologias.
No mundo em que existem, ninguém pergunta:
"Como irão sobreviver?"
Há pouquíssimos
anacrônicos gritadores amordaçados em fila para o regozijo dos fuzis.
Os que não se conformam, que se reformem.
Os que não veem, que se vendam sem ver.
Alessandro de Paula
@palavratomica
4 comentários:
Estas peças todas no jogo e somente uma que destaca-se noutr mundo: o seu eu, desejante de questionar-se, propulsor de mudanças. Nos seus versos escondeu o reflexo do espelho enquanto criou um outro tempo para seu sonho? Pergunto de uma certeza que li. Será?! Lindo poema, parabéns amigo Alê!
Penso no quanto meu eu e o outro eu refletido num espelho podemos ou não deixarmo-nos levar pelas demandas cotidianas, seduções do mercado.
Enquanto um questiona, o outro parece aceitar, saboreando com crueldade o sofrimento alheio.
Na era da individualidade, o indivíduo-dual.
A luta entre estes dois prossegue, Leo. Por enquanto, ambos, que são um só, agradecem. Abraço pra ti! :)
O espelho deriva estas paisagens polarizadas que se pulverizam na tentativa inesgotável de se afirmar. Seu poema lida a partir deste olhar para o longínquo. Tanta beleza fez irradiado assim.
:)
Fico realmente muito grato de saber isto, camarada. Obrigado. Abraço e um domingo de luz pra ti.
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