quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Um filho de Ícaro

Abismo, por Iwan Kulik, pintor ucraniano.

Já caiu antes?

Caiu muito. Caiu feio.
De um jeito que quem nunca caiu jamais poderia acreditar.

Caiu de amores. Sem amores.

Nove vezes pelos nove círculos.

Donde caiu, não se podia ver o céu.
Ou só havia céu.

Caiu tanto que quem já caiu também não poderia crer.
De modo que a única coisa a fazer era se levantar.

A queda pode ser uma benção,
a antessala do céu.

Alessandro de Paula
@palavratomica

4 comentários:

Anônimo disse...

Alezinho, coisa mais encantadora este poema. Sabe que me encontrei nesse trecho: "Caiu de amores. Sem amores". Amei! Beijo mil.
Lai Paiva

Alessandro disse...

A passagem pela antessala do céu nos revela incríveis imagens poéticas, Laine. Não sei se digo que é bom ou se digo que é uma pena que todos tenhamos que passar por ela.

Mas por mais dor que se produza, é uma benção. Porque retornamos mais fortes.

Beijos, querida!

Anônimo disse...

Cada uma destas quedas, ininterruptas de sua alma, te levaram ao altíssimo. Te conquistaram Poesia, te trouxeram de volta aqui: tanta beleza no seu escrito.

Alessandro disse...

Obrigado, Leo! Espero não ter de cair tantas mais vezes, ainda que cada um de nós possa tirar proveito próprio das próprias quedas. Abraço!