quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Esvazio





impeço que o largo dos dias
seja minguado
ao afeto tardio
que trouxe remorso dos sonhos

entorpeço cada migalha
rasgada com requinte de cólera
de um amor descalço
que viveu calando-se ainda longe

se ontem era dele
meu acordar entortado
que o tempo temia
sem cabimento aprendiz

noutra hora
a poesia fazia leito
acalmando o contorno
entorpecido numa existência partida

agora caço
com retalho de alma tonta
amálgama distraída
que prego no olho cego

voltei amanhecendo-me
por onde o desejo
soube sangria e canção
refazia meu acento carcomido

entrego-me laço
que valho dentro
um monte derramado
de ser atalho por dentre ruína

findo um medo
com esquecimento atrevido
se na estaca retenho
um sentido antigo de vestir

pois em tudo
desfiz um destino aberto
que minha sina é testemunha
de resquício em toda rima



3 comentários:

Coletivo Revolucionário disse...

Leozinho, seus versos são de uma sonoridade mágica, de uma métrica impecável, de um sentimento exacerbado. Apaixonante! Beijão

Lai Paiva

Alessandro disse...

Poesia que envolve e entorpece, esta é sua poesia, Leo.

Abraço! :)

Leonardo Valesi Valente disse...

Os meus versos passaram aos olhos destes poetas queridos me autorizando reuni-los em meu afeto. A amizade perfeita, daquilo que se perfaz: em letras e palavras a se guardar. Agradeço ao carinho de Lai e Alê. Paz!